sábado, 19 de abril de 2014

Quando tem amiga parindo...

Desde outubro do ano passado, muito felizmente, passei por esta experiência três vezes: primeiro a Priscila manda mensagem avisando que está no hospital, em trabalho de parto. Não lembro bem ao certo o horário, acho que foi pela manhã. Mandei boas vibrações e fiquei na torcida. Mas daí segue-se um longo (qualquer 15 minutos é uma eternidade) período de silêncio. Daí você fica naquela: liga? Manda mensagem? E se atrapalhar? Ela deve estar na partolândia uma hora dessas, não vai ficar atendendo celular. E se ela sair da partolândia pra atender e isso atrapalhar a concentração e emperrar o tp? Ligo pro marido? Será que ele tá junto com ela? Será que não vai ser muito enxerida? Mas às vezes ela pode se sentir bem com esse apoio. Mas também pode não se sentir.

Ai gente, é uma aflição!!!!

É o momento mais lindo, mais natural, que tem que ser mais respeitado. Mas dada a nossa realidade obstétrica, quando uma pessoa diz que está em tp e objetiva o parto normal, a gente tem que torcer, rezar, orar, mandingar tanto... Daí fica querendo informação não para mexericar, mas para saber se está indo tudo bem.

E a realidade: MORRO de medo de ligar e receber a notícia que acabou em cesárea. Algo do tipo “o bebê está bem, a fulana também, mas não foi possível  o parto. O médico falou que [blá blá blá que na maioria das vezes é só desculpa para falta de boa vontade e profissionalismo do GO]. Acho que não ligo mesmo por este motivo.

Mas então, voltemos à Priscila. Lá pelas 17h ela me manda mensagem que a Angelina nasceu. Fiquei olhando o celular por alguns minutos meio sem saber o que fazer. Tão feliz que perdi todos os reflexos. A cabeça deu um bug. Minha amiga pariu! Minha colega de faculdade, madrinha de casamento, madrinha do meu filho, que acompanhou toda a nossa saga [frustrada] por um parto que acabou na faca, pariu! Quando saí dessa situação catatônica, liguei parabenizando. Acho que já fazia uma hora ou mais do nascimento. Já falou com uma mulher nessa hora? É muito engraçado. Ela fica louca! Doidona de ocitocina! Meio que chora, ri, quer falar um monte de coisa, mas  é tanta coisa que fica sem nexo. A vontade é fazer uma entrevista digna de paginas amarelas da Veja, saber tim tim por tim tim. Mas não é hora pra isso. Deixa o neném mamar, a mãe pentear o cabelo (parturiente sempre fica meio descabelada, já percebeu?), depois vai ter oportunidade para a entrevista. No caso da Priscila foi uns 15 dias depois, quando conseguimos nos ver.

Daí há um mês teve a Isabela. A gente se conheceu num grupo sobre pn aqui de Campo Mourão (preciso contar dele em outro post). A trajetória foi longa e meio tortuosa. Daí sofria junto com cada detalhe. Numa segunda-feira à noite, conversávamos pelo facebook, ela dizendo que já tinha faxinado a casa e estava sentindo dorezinhas. Poderia ser TP. Na quarta recebo a mensagem: nasceu com liberdade de movimento e posição para a mãe e sem intervenções. Neste caso não sabia que era tp mesmo, então fui pega super de surpresa pela mensagem. Mais uma vez, cara de besta para o celular. Dessa vez chorei. De felicidade por muita gente. Porque o lindo parto da Isabela representa uma mudança de paradigmas na nossa cidade. Chorei pelo parto dela e pelo meu não parto (sim. Sempre a mesma ladainha, mas dói). O momento páginas amarelas foi mas três semanas depois, quando conseguimos nos ver. Ler relato de parto é bom. Mas ouvir com detalhes ainda emocionados é melhor ainda.

O mais recente é da dona Melina e este acompanhei com mais detalhes. Na quinta-feira perto das 9h chega a mensagem que a bolsa estourou, mas sem mais grandes acontecimentos. Geral se mobiliza. Sugestão de movimentos, de mandingas, de chás, de tudo. Acho até que ela estava um pouco de saco cheio das sugestões, mas a gente acaba querendo participar tão na boa vontade que quando vê, já falou. O dia prossegue sem grandes novidades, mas pequenos contatos da mãe avisando como está o processo. No outro dia (já me perdi nas datas, acho que foi isso), o marido dela posta perto das 19h que estavam no hospital, que o show ia começar. GE-LO.

Pode ser que dure 1 hora, pode ser que durem 11 horas. E agora? Vou conversando com o [meu] marido sobre. Ele vibra a cada detalhe, também. A vontade é falar para mais gente, afinal de contas a expectativa é muito maior que em final de Copa do Mundo. Pra mim é. Juro! Mas para a maioria das pessoas, não quer dizer muita coisa. Uma porque a amiga, neste caso, mora há 180km e outra que arrisco ouvir “Por que não tira logo, de uma vez?!”. Melhor ficar quieta.

Voltando ao parto da Alice... Vou dormir mais de 1h da manhã. Bem mais tarde que o normal. Sempre de olho no facebook da família inteira dela (detetive de FB!). Nada. Ai que desespero! Durmo. Acordo pro xixi da madrugada e olho o celular. Nada. “Ai meu Deus, será que foram pra faca?”. Madrugo às 6h em pleno sábado de aleluia. Os olhos nem abriram, mas já checaram o facebook e o whatzapp. Descubro que nasceu pelo perfil de uma parente dela. Tá. Nasceu e estão bem. Mas...? Sem detalhes! Ai que terror! Daí voltam todas aquelas perguntas do início do post, inclusive se terminou em cirurgia. Mando mensagem para as doulas, os parentes... Mas não são nem 7h da manhã. Quem está online? Ninguém, né?! Vem a informação que perto de meia noite foram para a sala de parto. Tá. Mas pariu?

Para quem não participa mais ativamente do processo de torcida pelo pn, pode parecer meio mesquinha essa preocupação. Lógico que quero saber se o bebê está bem, se a mãe está... mas a chance deles não estarem bem é mínima. Já a chance de ter frustrado o pn, é imensa. Por isso não basta dizer que foi para a sala de parto. Quero saber se pariu.

Enfim. Algumas horas depois e vem a notícia que sim. Pariram! Cócoras e tudo mais. O dia ficou mais lindo. O sol brilhou mais, os passarinhos cantaram. Sorriso besta no rosto o dia todo. Fé na humanidade, na sociedade, no ser humano chamado médico que pode ajudar ou frustrar tudo, na equipe, na família que apoiou, no meu parto daqui uns meses. Vontade de sair contando, de postar mil coisas no facebook. Mas, mais uma vez para a maioria tanto faz. Melhor contar só para quem se importa mais.

Os detalhes vieram só à noite, quando a mãe finalmente contou mais um pouco. Mas ainda tem muita coisa para as páginas amarelas...

Então, minha amiga, faça um grande favor para as suas colegas ativistas. Pelo menos para aquelas que acompanharam mais de perto sua gestação, sua luta por parir com respeito: peça para a doula/marido/sogra ou quem estiver disponível avisar quando nascer. Mas não vale uma mensagem genérica. Algo do tipo “Nasceu. Foi pn”. Já diz muuuuuuuuita coisa! Assim azamigaíndia já vão respirar 90% mais aliviadas e vão aguentar um pouco mais a espera pelos detalhes lindos.

Porque no fim das contas, quando uma amiga está parindo, a gente pari junto!



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